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Pesquisa confirma alterações além da microcefalia em bebês

Uma nova pesquisa sobre os casos de microcefalia e outros distúrbios em bebês em realizada em Campina Grande foi publicada esta semana pela Sociedade Norte-americana de Radiologia. A pesquisa é a maior já feita em pacientes com sintomas da Síndrome Congênita da Zika no mundo.
Ao todo, foram analisados exames de ultrassonografia, ressonância e tomografia de 438 fetos e bebês que foram atendidos em Campina Grande, por meio da parceria entre o Instituto de Pesquisa Joaquim Amorim Neto – IPESQ, e a Secretaria Municipal de Saúde.

Os exames foram avaliados pelo IPESQ, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Unifesp, o instituto D’Or de Pesquisa e Educação, o Instituto do Cérebro do Rio de Janeiro e a Universidade de Harvard. Foram estudados grupos de bebês com Síndrome Congênita da Zika comprovada e grupos presumidos, sem confirmação por exame laboratorial, mas com suspeita.

A grande maioria apresentou ventriculomegalia grave, que altera o tamanho do cérebro, contudo, três crianças apresentaram distúrbios, mas não necessariamente a ventriculomegalia. Em contrapartida, 94% do grupo confirmado e 78% do grupo não confirmado para Zika tiveram anomalias do corpo caloso, o que provoca disfunções na compreensão da linguagem e compromete a capacidade de comunicação.

Ainda com relação às descobertas, 88% do grupo com Zika confirmada tinham calcificações em estruturas do cérebro e 100% do grupo com suspeita da doença apresentaram as calcificações. “Estas calcificações demonstram uma malformação do cérebro que vai além da microcefalia porque as estruturas cerebrais não chegaram a se formar. Não se trata, como já tínhamos dito, de um mero achatamento da caixa craniana, mas de uma série de malformações graves”, explicou a médica especialista em medicina fetal, Adriana Melo.

Para Adriana, a pesquisa é uma comprovação dos indícios que outras pesquisas realizadas em Campina Grande já apontavam. “Como esta é uma pesquisa com um grande número de pacientes, a nossa tese de que a microcefalia é apenas a ponta do iceberg ganha respaldo com a comunidade científica internacional, chegando até a ser publicada em uma grande revista científica como foi o caso. Isto vai obrigar que os serviços de saúde onde os bebês são acompanhados façam exames específicos e não somente a ultrassom convencional porque agora está provado que as alterações são muito maiores e o diagnóstico é mais complexo”, disse.

Adriana Melo é a presidente do IPESQ. Ela é a pesquisadora responsável por estabelecer a associação entre o vírus da Zika e os casos de microcefalia que surgiram do segundo semestre de 2015 em diante no Brasil. A pesquisa que detectou a presença do vírus na placenta de bebês em gestação foi realizada em Campina Grande e em São Paulo com duas gestantes da Paraíba.

Desde o segundo semestre do ano passado, a Prefeitura Municipal de Campina Grande montou um esquema especial para atender estes casos novos e desconhecidos. O número de exames foi ampliado na maternidade do município, o Instituto de Saúde Elpídio de Almeida – Isea, unidade onde a médica Adriana Melo também trabalha.

No Hospital Municipal Pedro I foi criado o Ambulatório Especializado em Microcefalia com atendimento multidisciplinar com médicos, fisioterapeuta, psicólogos e hoje são atendidas 114 crianças. O IPESQ ganhou um espaço no Pedro I para ampliar as pesquisas com os bebês e a PMCG concedeu uma bolsa de estudos à médica Adriana Melo para aprofundamento das pesquisas.
PMCG

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