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Sindicalistas repudiam privatizações anunciadas pelo Governo Federal

Sindicatos e funcionários dos Correios e Telégrafos; dos Ferroviários; a Empresa de Tecnologia e Informação da Previdência (Dataprev) e de Serviço Social de Processamento de Dados (Serpro) na Paraíba ocuparam a galeria e o plenário da Câmara Municipal de João Pessoa. O objetivo foi discutir a possibilidade de o Governo Federal privatizar as empresas estatais do País. A audiência pública foi proposta pelo vereador Marcos Henriques (PT).

Na ocasião, os sindicalistas e lideranças de movimentos sociais defenderam o fortalecimento das estatais, se colocaram contra as privatizações e defenderam a união de todas as categorias para pressionar a bancada federal paraibana a interceder contra medidas do Governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Em seu pronunciamento, Marcos Henriques lamentou que o Governo Federal tenha anunciado a privatização de um conjunto de 16 empresas estatais. No caso dos Correios, o petista destacou que a empresa teve um lucro líquido, em 2018, de R$ 160 milhões e está entre as que devem ser privatizadas. “Os Correios são uma estatal de grande importância econômica para o País”, ressaltou. Sobre a Companhia de Transportes Urbanos, ele classificou a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) como sendo responsável pelo transporte da classe trabalhadora, muitas vezes, de baixa renda.

Marcos Henriques repudiou a atitude do presidente Bolsonaro de querer também privatizar empresas responsáveis pela segurança de dados estratégicos de vários setores do Governo, como o Serpro e a Dataprev, entre outros. Ao lembrar da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o parlamentar lamentou as privatizações de empresas na gestão tucana que, na sua concepção, causaram enormes prejuízos aos cofres públicos e à população brasileira.

Compuseram a mesa da audiência pública, além do vereador petista, o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios da Paraíba (Sintect-PB), Tony Sérgio; o presidente do Sindicato dos Ferroviários da Paraíba, José Cleofas; o secretário da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios no Brasil, José Rivaldo; o presidente do Sindicato dos Processadores de Dados da Paraíba, Ademir Diniz; a secretária estadual de Mulheres da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luzenira Linhares; e o presidente da Nova Central Sindical dos Trabalhadores da Paraíba (NCST), Antônio Erivaldo.

Tony Sérgio disse que momentos como o atual servem para desmistificar mentiras vinculadas nos meios de comunicação nacional sobre a atuação da empresa de Correios e Telégrafos. De acordo com ele, no Brasil, a estatal tem cerca de 100 mil trabalhadores, entrega 22 milhões de objetos diariamente, arrecada na casa dos bilhões de Reais e já repassou ao Governo Federal R$ 6 bilhões, nos últimos anos.

Para o sindicalista José Rivaldo, a população brasileira será a maior prejudicada com a privatização das estatais. “O povo é quem vai pagar a conta”, alertou. Ele informou que a empresa de Correios e Telégrafos está presente em todos os municípios do Brasil, visando a prestar um serviço de cunho social, ao atender os habitantes nos mais longínquos locais do País. “Com a privatização, quem adquirir as empresas só vai pensar no lucro e não nas pessoas”, advertiu o secretário.

O sindicalista José Cleofas lamentou, por sua vez, as privatizações que já ocorreram no País, a exemplo das companhias de trens urbanos, em vários governos, quando milhares de funcionários ficaram desempregados. Já o secretário Ademir Diniz considerou inadmissível a postura do Governo de Bolsonaro e fez um alerta para que toda a sociedade acorde e lute pelos seus direitos e benefícios conquistados ao longo de décadas. A representante da CUT, Luzenira Linhares, convocou a classe trabalhadora para reagir e defendeu que os sindicatos se unam para gerar ações com mais impacto na opinião pública.

Durante a audiência, o vereador Marcos Henriques abriu espaço para que alguns funcionários das empresas, que estavam no plenário e galerias, ocupassem a tribuna para falar sobre o assunto. Um deles foi o analista de Tecnologia da Informação (TI) da Dataprev, Judson Mesquita, que destacou o trabalho importante da instituição e revelou que a empresa chegou a ajudar o Governo Federal a economizar R$ 13 bilhões, nos últimos anos. Na sua opinião, as estatais devem e podem ser lucrativas, basta apenas o governo investir na sua estruturação e capacitação de servidores. O ex-diretor dos Correios na Paraíba e servidor aposentado, Antônio Trajano, ressaltou que a luta não é uma questão de partido nem de cor partidária, mas de vida e sobrevivência das famílias.

No final da audiência, os sindicatos e Marcos Henriques definiram a elaboração de um documento com vários pontos. Um deles é solicitar à bancada federal paraibana que interceda pelas categorias de trabalhadores junto ao Governo Federal. Outra demanda prevê a realização de uma sessão conjunta, entre os Poderes Legislativo Municipal de João Pessoa e Estadual da Paraíba, para tratar do assunto. Ficou acordado também que o parlamentar, na próxima sessão ordinária da Câmara, apresentará um Voto de Repúdio contra as privatizações previstas pelo Governo Federal.
Paulo de Pádua
CMJP

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