Governo Federal pede investigações sobre incêndios e garante apoio aos estados
O presidente Lula e a ministra Marina Silva destacaram no domingo (25/8) em reunião no Prevfogo, na sede do Ibama, em Brasília (DF), suspeitas de ações criminosas nos incêndios que se intensificaram nos últimos dias no país. A Polícia Federal abriu 31 inquéritos para investigar as origens do fogo, incluindo dois no estado de São Paulo, que concentrou mais de 30% dos focos de calor registrados em território nacional na sexta (23/8) e no sábado (24/8), segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“Não conseguiram detectar nenhum incêndio causado por raios. Isso significa que tem gente colocando fogo na Amazônia, no Pantanal e sobretudo no estado de São Paulo”, disse Lula durante apresentação na sala de monitoramento do Prevfogo
O estado de São Paulo registrou 2.191 focos de calor em 48 horas, que correspondem a cerca de 42% dos focos no estado em 2024. Ao todo, 46 municípios paulistas estão em alerta máximo para incêndios.
“Em São Paulo não é natural em hipótese alguma que em poucos dias tenha tantas frentes de incêndio envolvendo simultaneamente vários municípios”, declarou Marina em entrevista coletiva após a reunião
A ministra destacou que os esforços federais estão mobilizados para combater os incêndios e punir ações criminosas relacionadas ao uso do fogo:
“É preciso parar de atear fogo. Mesmo colocando tudo que está à disposição dos governos estaduais e municipais, dos esforços privados e do Governo Federal, se não parar de colocar fogo em um período de temperatura alta, baixa umidade relativa do ar e ventos que vão até 70 km/h, não há como conter o fogo. Ações criminosas serão punidas com todo o rigor que a lei oferece”, afirmou Marina.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que 15 delegacias no interior paulista e a superintendência regional da PF no estado foram mobilizadas para as investigações. Destacou também que já foram abertos outros 29 inquéritos relacionados aos incêndios na Amazônia e no Pantanal:
“É um movimento atípico, mas as conclusões só virão com a conclusão dos inquéritos”, disse Rodrigues.
Com a retomada da governança ambiental desde 2023, Ibama e ICMBio atuam com mais de 3 mil brigadistas no país, incluindo 1.468 na Amazônia, onde a mudança do clima intensifica a pior seca em pelo menos 40 anos.
Na quarta-feira (21/8), após reunião com governadores da região amazônica, o Governo Federal anunciou a criação de três bases interfederativas para aumentar a cooperação entre União e estados no combate aos incêndios no bioma. Os representantes federais e estaduais concordaram também em intensificar ações de fiscalização em regiões críticas nos eixos da BR-319, da BR-230 e da BR-163.
“Se não tivéssemos reduzido o desmatamento em 45,7% de agosto de 2023 a julho deste ano, estaria uma situação incomparavelmente mais difícil”, disse Marina referindo-se a dados da área sob alertas de desmatamento medidos pelo sistema Deter, do Inpe.
As condições climáticas também anteciparam em dois meses a temporada de incêndios no Pantanal. Segundo boletim semanal da sala de situação criada em junho para coordenar as ações federais de prevenção e combate aos incêndios, há 959 profissionais do governo federal em campo na região, apoiados por 18 aeronaves.
Em São Paulo, o Governo Federal apoia o combate e o monitoramento de áreas atingidas com seis aeronaves, entre elas um avião KC-390 com sistema para lançamento de água. Cerca de 400 militares atuam na região.